Sergipe encerra a programação do Festival Cena Nordeste com celebração à diversidade cultural nordestina

Com uma programação rica e diversificada, o Festival Cena Nordeste encerrou sua sétima edição no sábado (12), no Centro de Criatividade, em Aracaju. O evento celebrou a pluralidade cultural dos nove estados da região, oferecendo um dia repleto de atividades imersivas que incluíram arte urbana, audiovisual, apresentações de grupos folclóricos, gastronomia, teatro e música. 

Realizado pela Câmara Temática da Cultura do Consórcio Nordeste, o festival contou com o apoio do Governo de Sergipe, por meio da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap), e com a colaboração das secretarias de Cultura dos demais estados nordestinos.

O diretor do Centro de Criatividade, Wilson Júnior, destacou a importância do festival. “Nosso objetivo é agregar valor, promover a cultura nordestina e reunir artistas de toda a região em um só lugar. Sediar a sétima edição do Cena Nordeste aqui em Sergipe, com o apoio do governo estadual e a participação ativa da comunidade, é uma iniciativa de enorme valor cultural”, colocou.

Audiovisual

A Paraíba trouxe grandes nomes do audiovisual para Sergipe, incluindo Carine Fiúza, com o filme ‘Yá me Conte Histórias’, Valtyennya Pires, com ‘Céu’, Ana Dinniz, com ‘O que os Machos Querem’, e Luana Flores, com ‘Nordeste Futurista’. Após as exibições, houve um bate-papo mediado por Lu Silva, técnica em audiovisual e membro do Fórum Audiovisual de Sergipe.

“Esses filmes, apesar de diferentes, se conectam em temáticas como a presença feminina, a ancestralidade e o Nordeste. O público pôde vivenciar o que está sendo produzido na Paraíba. Este evento não só amplia o acesso a obras de outros estados, mas também favorece o intercâmbio sobre o cenário audiovisual no Nordeste, destacando tanto as semelhanças quanto as particularidades regionais. É uma verdadeira troca de experiências”, ressaltou Lu Silva.

Grupos folclóricos

A rica tradição cultural sergipana foi evidenciada pelas apresentações de grupos folclóricos históricos, cujas práticas são transmitidas de geração em geração, fortalecendo o sentimento de pertencimento e identidade cultural. Durante a tarde, o público assistiu a apresentações dos grupos Parafusos, de Lagarto, Cacumbi de Mestre Deca, de Laranjeiras, e São Gonçalo do Amarante, também de Laranjeiras.

Genisson Fontes, integrante do grupo folclórico Parafusos há oito anos, ressaltou a importância de eventos como o Cena Nordeste para a valorização da cultura sergipana: “Esses eventos são essenciais para manter nossa cultura viva. A identidade cultural que carregamos ao longo dos anos se fortalece a cada apresentação. É muito importante que as pessoas tenham a oportunidade de conhecer não só a cultura da sua própria cidade, mas também das regiões vizinhas”, afirmou. 

Gastronomia

A programação do festival também proporcionou momentos de aprendizado com uma aula-show do chef alagoano Timóteo Domingos, conhecido como o ‘Rei do Cacto’. Especialista na culinária da caatinga, Timóteo preparou um prato utilizando cactos. 

Para o chef, a experiência foi marcante. “Foi extremamente importante perceber que a maioria das pessoas nunca havia experimentado o cacto. Proporcionar esse momento foi único, especialmente para fortalecer nossa cultura sertaneja e ampliar as possibilidades de comercialização e geração de renda para os sertanejos. O cacto é um produto riquíssimo do sertão, mas que ainda não recebe o devido valor comercial. Me sinto honrado em poder contribuir para este evento”, disse. 

Artes cênicas

O Cena Nordeste foi palco de grandes apresentações cênicas neste sábado, começando com o espetáculo circense ‘Palita Arruaçando’, da Cia Miramundo, do Maranhão. Com constante interação com a plateia, Palita convidou o público para a criação coletiva de uma dramaturgia divertida e acessível para toda a família.

A diversão continuou com ‘Espiral Brinquedo Meu’, uma apresentação que reuniu ritmos, canções e personagens inspirados no Cavalo Marinho e no Maracatu Rural, combinando música, dança e teatro. O espetáculo é criação do pernambucano Helder Vasconcelos, conhecido pela tradicional brincadeira de rua Boi Marinho.

Ao final da apresentação, Helder agradeceu ao público e celebrou a trajetória do espetáculo. “Quero dividir essa alegria de celebrar 20 anos de espetáculo. Quem é da área, quem é artista sabe a importância do tempo, porque enfrentamos muitas dificuldades. O tempo é a maior resposta que podemos dar. Apesar de tudo, estamos aqui, crescendo, existindo e resistindo. Viva o tempo, viva nossa resistência e viva nós, artistas, provedores e defensores dessa resistência.”

Arte em grafite

A arte alagoana também ganhou destaque e permanência no Centro de Criatividade com uma intervenção de grafite realizada pelos artistas Inxame, Júnior Brown, Ursa Nath e Yara Pão. As obras dos artistas se entrelaçam, criando uma composição integrada. A artista Ursa Nath explicou: “Retratamos personagens e animais utilizando elementos da cultura sergipana, inspirados em seus grupos folclóricos. Estamos muito felizes por estar aqui; foi uma experiência incrível.”

Música

A diversidade de ritmos também marcou os shows do Festival, com apresentações que foram do forró à música eletrônica, passando por indie, MPB e música instrumental no violino. A banda cearense Os Muringa levou ao palco um repertório que vai desde o tradicional pé de serra de Luiz Gonzaga até o forró contemporâneo de Dorgival Dantas, além de incluir composições próprias.

Quem dançou arrasta-pé também curtiu o show animado da DJ sergipana Julie. Em seguida, a Banda dos Corações Partidos, também de Sergipe, apresentou uma performance imersiva e poética, transformando o palco em uma experiência única. Encerrando a programação, o violinista potiguar Tiquinho Rodrigues encantou o público ao transitar entre o popular e o erudito em sua apresentação.

A vocalista da Banda dos Corações Partidos, Diane Veloso, descreveu a experiência de se apresentar no Centro de Criatividade. “O coração fica caótico, preenchido, porque eu acho que é um grande ato de resistência podermos fazer esse show aqui, neste espaço com uma história tão profunda, em um lugar tão importante da cidade. Para mim, estar aqui tem uma importância incrível”, reforçou.

Público 

O público compareceu em peso para prestigiar as atrações do Festival. O aracajuano Pedro Barros destacou o intercâmbio cultural promovido pelo evento. “É uma troca muito bonita. A gente vê uma cultura que é única, que nos toca e nos enche de orgulho. Sergipe precisa estar sempre de braços abertos para receber e mostrar o que temos de mais valioso: nossa arte e nossas tradições”, disse. 

A dançarina Mirian dos Santos aproveitou a programação do Festival para se conectar com outros artistas. “Conheci grupos e estilos pelos quais me encantei. Peguei contato, comecei a segui-los nas redes sociais, porque quero continuar acompanhando e torcendo por eles. O evento foi muito bonito, bem organizado e seguro, tanto para as crianças quanto para as pessoas mais velhas. Estão de parabéns”, elogiou.

Silvane Andrade, mãe de duas meninas de 7 e 10 anos, também aprovou o ambiente familiar. “Ontem vim para assistir à Ópera do Milho pela primeira vez, junto com minhas filhas, Sara e Sofia, e hoje elas pediram para voltar. Gostei de ver que tinha muitas crianças aqui hoje. É ótimo para elas, porque brincam, fazem novas amizades e aproveitam tudo”, apontou.

Próxima edição

Sergipe se despede do Festival após dois dias de programação intensa e diversificada. A 8ª edição do Cena Nordeste já tem data marcada: será nos dias 16 e 17 de novembro, desta vez em Fortaleza, capital do Ceará. Sergipe mais uma vez estará presente, e a programação completa será divulgada em breve pelo Consórcio Nordeste.

Fonte: SEcom

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