Um cientista sergipano vem se destacando como pesquisador visitante em uma das mais conceituadas escolas das áreas de farmácia e biotecnologia da Europa. Klebson Silva Santos, formado em Biomedicina pela Universidade Tiradentes (Unit) e que atua no Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP), também colabora com equipes e trabalhos desenvolvidos na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP), no Porto (Portugal), instituição onde realizou parte de seu doutorado em Biotecnologia, entre 2015 e 2016, em regime de doutorado-sanduíche.
Desde 2023, ele atua em um projeto de desenvolvimento de nanopartículas para o tratamento contra o câncer, a partir da extração de substâncias bioativas de resíduos agroindustriais, a exemplo da casca da uva. O objetivo é investigar a viabilidade da aplicação destas substâncias como agentes antienvelhecimento e no combate às células de melanoma cutâneo (câncer de pele). O estudo desenvolvido no Núcleo de Estudos em Sistemas Coloidais (Nuesc), do ITP, e orientado pelo professor Cláudio Dariva, conta com a colaboração da portuguesa Maria Beatriz Prior Pinto Oliveira, professora da FFUP e considerada uma das mais renomadas pesquisadoras na área biotecnológica.
“Portugal se destaca por sua excelência nas áreas de química e biotecnologia, além de parcerias institucionais importantes. Essa escolha também reflete o meu interesse por pesquisa de ponta em um ambiente acadêmico internacional. Hoje para mim, Portugal é a minha segunda pátria por toda a convivência cultural, pessoal e científica ao longo de cerca de uma década de colaboração”, diz Klebson, que esteve em janeiro deste ano na FFUP para fazer uma palestra sobre a importância das patentes e da inovação na carreira do cientista.
A parceria começou durante o doutorado, cursado por ele entre 2013 e 2017 no programa de pós-graduação da Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio) que é vinculado à Universidade Federal de Sergipe (UFS), mas reúne instituições de todo o Nordeste, incluindo a Unit, através da participação de professores e da estrutura de laboratórios e centros de pesquisa, a exemplo do Nuesc/ITP. “Essa conexão com a Unit foi essencial, fornecendo uma infraestrutura de pesquisa avançada e um ambiente acadêmico dinâmico e colaborativo, que contribuíram significativamente para o desenvolvimento e o sucesso das minhas investigações científicas”, diz Klebson.
Outros estudos
A tese de doutorado, defendida em 2017, foi sobre o possível uso de extratos de plantas medicinais com potencial para o tratamento contra o câncer. O objetivo foi obter extratos naturais com propriedades anticancerígenas, explorando o potencial terapêutico de compostos bioativos provenientes das folhas da Nim, árvore de origem indiana também conhecida como ‘amargosa’, que é utilizada há mais de 2 mil anos como planta medicinal. Toda a parte relacionada à obtenção dos extratos foi realizada no Nuesc, em Aracaju, enquanto a caracterização química e os testes em células de câncer foram conduzidos nos laboratórios da FFUP, no Porto.
“Como resultado final, o estudo culminou na obtenção de duas patentes, concedidas em parceria com a FFUP, destacando a relevância científica e tecnológica dos resultados alcançados. Bem como em artigos e trabalhos apresentados em eventos”, destaca o pesquisador, destacando que a experiência lhe proporcionou acesso a equipamentos e metodologias avançadas, fortalecendo a investigação sobre extratos bioativos na luta contra o câncer.
Atualmente, Klebson também trabalha com sua equipe no desenvolvimento de tecnologias voltadas para a produção de bioinsumos a partir de biomassa, com foco em atender aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Esse trabalho, que foi tema de seu pós-doutorado na Unit, inclui ainda a criação de produtos para a saúde humana, o desenvolvimento de biocombustíveis como alternativas sustentáveis aos combustíveis fósseis e a implementação de sistemas avançados para o monitoramento de CO2 (gás carbônico).
Ele explica que essa abordagem integrada busca promover soluções inovadoras que alinhem sustentabilidade, preservação ambiental, avanços na saúde e redução dos impactos das mudanças climáticas. “A busca por um futuro melhor passa, inevitavelmente, pela ciência. Seus impactos são vastos e profundos: na saúde, abre caminho para novos medicamentos, vacinas e tratamentos que prolongam e aprimoram a vida; na inovação, impulsiona a criação de tecnologias e produtos que moldam nosso dia a dia e impulsionam a economia. Diante desse cenário, a investigação de extratos com potencial anticancerígeno representa um passo importante para oferecer à população uma perspectiva de maior qualidade de vida”, conclui Klebson.
Fonte: Asscom Unit