Pesquisa colaborativa impulsiona soluções para captura de CO₂ com apoio da Unit

A urgência em desenvolver tecnologias sustentáveis e ambientalmente corretas é cada vez mais evidente. Diante de compromissos internacionais e metas ambientais ambiciosas, o Brasil vem apostando fortemente em soluções criativas para diminuir a emissão de gases responsáveis pelo aquecimento global. Nesse contexto, o gás carbônico (CO₂) surge como um dos principais desafios, e também como uma oportunidade para transformar conhecimento científico em resultados concretos. A captura e a transformação do CO₂ são algumas das linhas de pesquisa mais promissoras, exigindo cooperação entre instituições de ensino, cientistas e centros especializados.

Foi justamente essa busca por práticas sustentáveis e intercâmbio de conhecimentos que trouxe à Universidade Tiradentes (Unit), duas pesquisadoras do Grupo de Pesquisa e Desenvolvimento de Processos Biotecnológicos (GPBio), vinculado à Universidade Federal do Ceará (UFC). As cientistas Ravena Casemiro e Paula Lima integram o INCT-CAPICUA, um dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia, e estiveram no Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP) para se aprofundar em métodos avançados de caracterização de materiais, reconhecidos nacionalmente.

A discussão sobre transição energética e enfrentamento das mudanças climáticas é central tanto no Brasil quanto em outras nações. No âmbito do INCT-CAPICUA, o GPBio vem desenvolvendo processos biotecnológicos com foco na captura do carbono utilizando enzimas, uma alternativa mais ecológica e eficiente se comparada aos processos químicos tradicionais.

“Há uma forte demanda por essas soluções, uma vez que o Brasil se comprometeu com a redução das emissões de gases do efeito estufa entre 59% e 67% até 2035. Nesse panorama, a criação de métodos para capturar carbono se torna fundamental para alcançar esses compromissos, promovendo tecnologias mais sustentáveis”, afirma a engenheira química e pesquisadora Ravena Casemiro.

Por que escolher a Unit?

A escolha pela Universidade Tiradentes como destino para a capacitação técnica não foi aleatória. Reconhecida por sua infraestrutura moderna, equipes qualificadas e pelo sólido desempenho do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Processos (PEP), a instituição sergipana tem se consolidado como parceira estratégica em projetos de pesquisa colaborativa.

“O que motivou nossa vinda à Unit foi a reconhecida competência do Núcleo de Estudo em Sistemas Coloidais (Nuesc), em especial o Laboratório de Síntese de Materiais e Cromatografia (LSincrom), coordenado pelas professoras doutoras Silvia Egues e Juliana Borges. Aqui encontramos um ambiente equipado com tecnologia de ponta e profissionais altamente capacitados, que nos acompanham em cada etapa”, destaca Ravena.

A aproximação entre UFC e Unit teve início durante encontros promovidos pelo INCT, quando foram identificadas afinidades científicas e metodológicas entre os grupos. De acordo com as pesquisadoras, esse intercâmbio pode acelerar descobertas que, em outros contextos, levariam muito mais tempo. “O propósito do INCT/CAPICUA é justamente integrar diferentes grupos de pesquisa do país que atuam nas várias etapas da cadeia de captura e transformação do CO₂. Nessas reuniões, percebemos a chance de aprofundar a colaboração com benefícios diretos para o nosso grupo”, reforça.

Tecnologia e estrutura de excelência

Durante a estadia na Unit, Ravena e Paula estão sendo capacitadas em técnicas especializadas para a produção e análise de materiais à base de sílica. Esses materiais servirão como suporte para a fixação de enzimas no processo de captura de CO₂. Entre os procedimentos utilizados estão a difração de raios X (DRX), espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), análise termogravimétrica (TGA) e microscopia eletrônica de varredura (MEV).

“A Unit dispõe de ferramentas essenciais para o andamento da nossa pesquisa, além de uma estrutura que garante resultados confiáveis e precisos. O conhecimento técnico já está estabelecido, os equipamentos são bem calibrados e os profissionais dominam os processos. Isso otimiza nosso tempo e aumenta a eficiência”, comenta Paula Lima, doutora em Engenharia Química e pesquisadora de pós-doutorado da UFC.

A vinda das pesquisadoras vai além de uma simples capacitação técnica: ela integra uma estratégia mais ampla de fortalecimento da ciência nacional, por meio da criação de redes colaborativas entre instituições de diferentes regiões. O INCT-CAPICUA já conta com seis universidades envolvidas, e a expectativa é ampliar essa rede. “Essa cooperação nos permite acesso a uma variedade maior de recursos, equipamentos e conhecimentos especializados. Além disso, proporciona uma formação mais rica para os alunos, ao possibilitar o contato com diversas abordagens de pesquisa”, afirma Paula.

Além de gerar impacto direto nos experimentos em curso, essa troca traz um diferencial estratégico: evita repetição de esforços, acelera a obtenção de resultados e amplia as possibilidades de aplicação prática dos estudos, especialmente em áreas como bioeconomia, economia circular e inovação em sustentabilidade.

Perspectivas futuras

O futuro da colaboração é promissor. Ravena e Paula indicam que já existem planos concretos para manter e expandir a parceria entre UFC e Unit. “Estamos inseridas em uma rede colaborativa, na qual o intercâmbio entre instituições é uma diretriz. Quanto mais universidades participarem dos INCTs, mais forte será a produção científica no país”, afirma Ravena. “Além do trabalho conjunto com a Unit, também vislumbramos ampliar essas parcerias com outras instituições, para potencializar ainda mais os resultados da pesquisa”, completa Paula.

Fonte: Asscom Unit

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