Essa é uma das frases mais utilizadas em meio a reuniões, em intervalos entre aulas, entre funcionários dos mais diversos tipos de atividades econômicas ou públicas, ou até quando estamos sozinhos. Porém, antes de falarmos sobre a tal “pausa” cujo objetivo além de ser um momento de prazer, tem por finalidade, recarregar nossa bateria e nos manter mais ativos; vamos conhecer um pouco sobre essa bebida (café) que se tornou um ritual, gostoso e insubstituível.
A lenda mais popular sobre a origem do café, vem do Planalto da Etiópia, região de “Cafa” (possivelmente foi a região que deu, nome ao café), situada no Leste da África, onde a formação arbustiva dos cafezais é nativa. Primeiro é importante que você saiba que lendas, não são mentiras, são histórias, ocorrências, acontecimentos , técnicas, etc… passadas de gerações para gerações sobre o passado, e muito utilizadas pelos historiadores.
Acredita-se que um pastor de cabras, chamado Kaldi , que viveu no século IX, notou que suas cabras ficavam mais animadas e energizadas, após comer o fruto de uma planta desconhecida.
O pastor resolveu experimentar a tal fruta, e pós sorve-la, também, sentiu-se mais energizado e animado. A descoberta foi compartilhada com um monge que preparou uma infusão com os frutos e a bebida tornou-se popular entre os monastérios e posteriormente difundida pelo mundo todo.
No Brasil o café sempre esteve presente nos mais variados momentos de nossa vida, uma reunião em família, quando acordamos antes de sair para o trabalho, durante o trabalho, depois do trabalho. Note que toda manhã, as padarias, bares, cafeterias; ficam lotados de pessoas para tomar um cafezinho antes de iniciarem suas atividades diárias.
Independente de classe socioeconômica; seja rico ou seja pobre , todos sempre tivemos acesso ao café, que se tornou um costume, um ritual, um prazer.
Sempre tive por costume, quando me dirigia a uma casa humilde, como visita a um amigo ou no papel de vizinho, primeiro eu batia palmas no portão, e logo, era atendido por uma senhorinha muito simpática. Em segundo lugar, eu desejava a mesma um bom dia e pedia licença para entrar. A senhorinha, dizia “Entra! Fique, a vontade, estou acabando de passar um cafezinho” . Lembro-me muito bem, enquanto esperava, como era bom sentir o aroma e a fragrância, doce e esfumaçada que pairava no ambiente. O desejo pela cafeína estimula nossa mente que não fica saciada enquanto o café não chega em nossas mãos e apressadamente tomamos o primeiro gole e já sentimos o gosto palatável da bebida e nosso cérebro mais ativo.
Como professor, durante minha carreira, soube ouvir e observar bem as conversas entre alunos, principalmente aqueles que estavam se preparando para o vestibular, que falavam entre si “Vamos estudar a noite inteira, já pedi para preparar uma garrafa térmica de café, para não ficarmos sonolentos”. Estando junto com o grupo, eu sempre dizia: “ Tomem cuidado para não exagerar, tudo o que fazemos de forma exagerada faz mal, não exija de seu organismo além daquilo que ele possa oferecer naturalmente, caso contrário os planos vão por água abaixo.
PAUSA PARA UM CAFÉ
Esta frase transformou-se em refrão em todos os lugares. Recentemente, durante uma reunião, em uma determinada indústria, onde estavam presentes: o presidente da empresa, seus diretores e secretários; tratando de assuntos de longa duração, chatos e sonolentos, com exposição de diversos gráficos que demonstravam o desempenho econômico e a produtividade de cada setor da mesma. Eis, que em um determinado momento, o presidente, levantou-se, e disse, “ Que tal fazermos uma pausa para um cafezinho?”. Imediatamente o diretor financeiro pediu a palavra, levantou-se e disse: “ Pausa sim, cafezinho, não!”, todos ficavam alarmados e o diretor financeiro explicou: “ O preço atual do café arábico tem se tornado “veneno” para os cofres da empresa . Tanto é que a próxima pauta que iremos discutir é a de “cortar o cafezinho” e quem sabe substitui-lo por água “, e continuou dizendo:
Fiz uma cotação sobre o preço do café, os resultados não são bons, e pode causar rachaduras em nosso orçamento . No ano de 2.023 a saca de 60 kg de café era de R$ 606,26, em 2.024 chegou a valores entre R$ 1.004,00 até R$ 2.200,00, em 2.025, até o momento já chegou em R$ 2.769,00, e não deve parar por aí. O orçamento da empesa para o café já foi ultrapassado. Um dos secretários arguiu: Porque o café é tão caro? O Brasil não é o país do café?
Como já vimos, o país do Café é a Etiópia. O Brasil, Vietnã e Colômbia são grandes produtores e exportadores . Porém, nos últimos anos, o maior problema sofrido pelos cafezais, e produtores, tem sido a “quebra de safras” promovida principalmente por “instabilidades climáticas” constantes. Com isso a oferta torna-se escassa e o preço dispara . A “planta” café para produzir necessita de condições naturais favoráveis, como por exemplo, temperaturas entre 18º e 23º C. (clima tropical de altitude), chuvas bem distribuídas e solos férteis, rico em ferro e nutrientes, como é o caso do (basalto desagregado) “terra roxa”. Não é o que vem acontecendo, ultimamente . A temperatura do planeta já aumentou em 0,74º C., isso tem promovido “ondas de calor excessivo e duradouros que queimam os cafezais e seus frutos, ondas de chuvas torrenciais, muito acima da média, que inundam os cafezais e promovem a lixiviação (lavagem) do solo fértil, ondas de frios extremas acompanhado por geadas que queimam os cafezais .
Sem dúvida que a culpa disso tudo é nossa , que não encontramos ainda uma solução para frear a quantidade de carbono liberada, por nossas atividades diárias. A tecnologia de ponta e os fertilizantes químicos (caros); nada podem fazer para corrigir o estrago causado as leis naturais que regem os fatores climáticos. Em outras palavras não há maquinarias que possam conter as ondas de calor, chuvas bem acima da média natural, ou frio intenso. Por outro lado, e diante disso ficamos tristes e preocupados, pois amamos o café e sempre pensamos que ele nunca irá faltar e que vamos morrer cultivando café. Porém a certeza de que isto irá durar é incerta, enquanto todos os países do mundo participantes das Conferências Climáticas, não fecharem um acordo de descarbonização, a temperatura continuará aumentando, o café subindo de preço e, os cafezais correndo o risco de migrarem para latitudes além dos trópicos, e, busca de temperaturas amenas.
Aqui no Brasil, caso isso venha acontecer, o café terá que migrar para o Rio Grande do Sul, onde as temperaturas são mais baixas, porém não está livre dos “eventos climáticos extremos” que já ocorrem no mundo inteiro continuamente, e com maior potencial. Isso porque as leis naturais que regem o clima da Terra já foram alteradas e não tem conserto. Porém, aqui vai um alerta, estamos prestes a entrar na estação de Inverno, cujas características naturais são: temperaturas mais baixas, em relação as demais estações; baixa umidade relativa do ar, menos chuvas. No Brasil durante o inverno é muito comum a ocorrência de “grandes queimadas ”que além de exterminar a vegetação natural, aumenta a produção de CO2, o ar torna-se mais seco, carregado de partículas e quase irrespirável, se para nós, tudo isso é nocivo imagine para as plantas cuja estrutura é mais frágil que a nossa.
Nossa esperança, para continuarmos a tomar um cafezinho , está concentrada na COP 30 que brevemente ocorrerá no Brasil, no estado do Pará, rezamos para que os conferencistas tomem decisões certas e rápidas para frear as catástrofes que já estão presentes em nossa vida, e na vida das monoculturas. Diante desse resumo, posso lhes dizer o seguinte: “O PLANETA ESTÁ PEDINDO SOCORRO, PRECISAMOS OUVI-LO !
Por professor Marcos Moraes