O PLANETA PEDE SOCORRO



Milhões de toneladas de lixo são produzidas diariamente, sem que exista uma política efetiva
para solucionar este grave problema.

Vamos observar através do texto, a seguir, como o lixo já faz parte do nosso dia a dia.

Para começar, convém mencionar, que o lixo é tão velho quanto a humanidade, e sempre
representou um grande empecilho, desconforto, focos de doenças e impacto para a natureza.

Vejamos como o acumulo do mesmo, vem ocorrendo, desde o início que o homem pisou na
Terra ,até hoje:

NA IDADE ANTIGA

NOMADISMO

Nesta época os grupos humanos existentes eram pequenos e praticavam o nomadismo, durante suas andanças de um local para outro, haviam pequenas paradas, para caçar, pescar, colher frutos, folhas, caules e raízes dos vegetais; para comer, utilizarem como remédios para suas dores e feridas, para vestimenta, utilizando as folhas largas e cumpridas ou então a pele e a cabeça do animal recém caçado, a gordura animal também era utilizada para passar no corpo afim de se protegerem do sol ou do frio intenso. Dos ossos produziam armas para caçar e pescar e ainda produzir alguns utensílios necessários. Enfim quase tudo era aproveitado e reaproveitado, daquilo que a natureza oferecia, desta forma o solo recebia poucos rejeitos (lixo), como, por exemplo, sobras que para nada serviam bem como dejetos fecais do homem e dos animais, dejetos esses de origem orgânica e em pequena quantidade que a Natureza reciclava normalmente em forma de adubo . Até esse momento havia um sincronismo entre o homem e a natureza.

SEDENTARISMO – Com o surgimento desse período o homem passou a se fixar em um determinado espaço, construiu palhoças e tendas com o couro dos animais, em seguida, colheu sementes e começou a praticar a agricultura e a domesticação de animais silvestres, o número de filhos por casais aumentou e a população desde então não parou mais de crescer.

As famílias tornaram-se mais numerosas, e o agrupamento das mesmas deram origem as primeiras tribos, com isso a quantidade de lixo acumulava-se mais e mais, no interior das
aldeias e, em seu entorno. Porém, ainda que isso não fosse bom, era possível conviver com o mesmo.

IDADE MÉDIA

No início as tribos, que plantavam, passaram a chamar-se camponeses os demais elementos caçadores, vigias, lideres etc…(você já tem a organização do 1º núcleo social). A medida que a população crescia e exigia mais espaço, foram surgindo os pequenos vilarejos que logo se transformaram em pequenas cidades , com casas de madeira, um único cômodo, porém mais amplo que servia principalmente para todos da família dormirem; o restante era feito do lado de fora. A infraestrutura e salubridade não existiam. O lixo proliferava por todos os cantos ; no interior das casas, em seu entorno, nos caminhos de terra batida, nos rios, lagos etc…

Tudo isso proporcionava focos criadouros de insetos, ratos, baratas, bactérias, vírus etc…

Os camponeses mais ricos, mudaram de local e passaram a construir casa em forma de sobrados com tijolos e argamassa bem como ruas com calçamento e com isso começam a surgir as cidades, dividida entre o bairro dos mais pobres e o bairro da elite e dos burgueses. Porém o acumulo do lixo não foi superado em nenhum desses locais; com isso as cidades passaram apresentar grande acumulo de lixo de toda espécie (dentro e fora das casas). Tanto é verdade que em 1.347 as cidades da Europa foram acometidas pela “Peste Negras”, epidemia transmitida por um vírus transportado pela pulga que por sua vez era hospedeira do rato.

Milhares de pessoas morreram em função da epidemia. Ainda nesta época, no século XV em 1.415, ocorreu na Europa, o expansionismo marítimo e o colonialismo, que trouxeram, para o Mundo a descoberta de novas terras, como o Continente Americano, no momento em que os invasores chegavam, transmitiam aos povos indígenas o vírus da varíola , dos quais eram hospedeiros, milhares de índios de tribos inteiras foram dizimadas. Ao retornarem para Europa levavam navios abarrotados de OURO, PRATA, E OUTROS METAIS PRECIOSOS, que além do poder passaram a concentrar grandes riquezas, nem por isso ficaram livres do lixo.

IDADE MODERNA

Teve início á partir de 1.765, (Século XVIII), nesta época as maiores aglomerações populacionais do planeta estavam concentradas nas cidades de Londres e Paris, cidades, estas consideradas também as mais sujas do planeta, na época. Fato interessante que ocorria nestas cidades: toda manhã quando as donas de casa se levantavam elas jogavam pelas janelas dos sobrados vasilhames repletos de urina na calçada. Aí de quem estivesse passando por ali, naquele exato momento.

A varrição do lar, que não era feita todos os dias, tinha o mesmo destino da urina, ou seja; todo lixo era varrido para a calçada, além disso muitos entulhos eram depositados nas praças, esquinas, no mato que se encontrava no entorno das residências.

Foi também neste século que ocorreu o início da Revolução Industrial, na Inglaterra, quando em 1.765, James Watt aprimorou a máquina a vapor, e, a partir daí surge também o lixo industrial, a poluição tóxica e o aumento da quantidade de carbono lançado pelas enegrecidas chaminés em direção a atmosfera. A indústria para produzir necessitava de energia, matéria prima e muita mão de obra . O problema da mão de obra foi resolvido com o êxodo rural (campo-cidade), sendo insuficiente; os empresários adotaram uma lei que favorecia o trabalho infantil nas fábricas, a partir dos 5 anos de idade . Isso já nos faz concluir que quanto maior fosse o número de filhos por casal, maior seria o rendimento médio da família, só não entrou nessa conta do casal que o número de bocas para alimentar também crescia. A população do planeta triplicou, em pouco tempo, porém as condições de vida pioraram. Vilarejos operários brotavam como ervas daninhas em torno das fábricas e das minas de carvão. As casas eram paupérrimas, geralmente um único cômodo, sem banheiro, sem luz, as vielas entre os grupos de casas não tinham calçamento, quando chovia inundava e transforma-se em um grande lamaçal semelhante a um “chiqueiro de porcos”. Como as casas eram pequenas e apertadas e sem banheiro , as necessidades fisiológicas eram feitas; nas vielas, no mato junto ao entorno das casas, ou qualquer outro local inapropriado. O operário beberrão , quando terminava seu turno na fábrica, parava em uma taberna, quando saia da mesma na calada da noite, mal podia andar e não conseguia chegar em sua casa, tropeçava e caia em meio a viela, vomitava e dormia em meio a todos os objetos ali depositados . Pela manhã, ao se levantar… banho, nem pensar, do jeito que se encontrava seguia para o trabalho nas minas de carvão. Nesta época as cidades mais pareciam um depósito de lixo a céu aberto . As nuvens de moscas e outros insetos povoavam as mesmas e seguiam os transeuntes, sujos e mal cheirosos, onde quer que fossem.

IDADE CONTEMPORÂNEA – 1.789

Neste período, a montanha de lixo, passou a ser vista pelo poder público como um problema sério de saúde e que o mesmo deveria ser enfrentado, começa então a “Batalha entre o Lixo e o Homem” . Várias leis e editais surgiram para vencer essa batalha e mudar o comportamento humano. As prefeituras criaram departamentos para recolher e descartar o lixo das cidades. Os editais preveniam os descuidados que seria vedado o abuso de deitarem nas ruas suas imundícies, tal fato caso viesse a ocorrer seria caso de polícia. Pelo visto todo este aparato não passou de uma gota d’água em uma labareda, ainda hoje o lixo continua vencendo a batalha.

Ainda nesta época, século XIX (1.808) chegava ao Brasil, a Família Real, na cidade do Rio de Janeiro, considerada tão ou mais suja que as antigas cidades europeias. O próprio rei D. João VI não dava o exemplo esperado, jogava o lixo em qualquer lugar, pior que isso, detestava tomar banho e só o fazia de forma forçada.

SÉCULOS XX E XXI

A revolução tecnológica, o neoliberalismo, a robotização, a globalização, não só trouxeram um novo tipo de lixo como também abriu a mente dos empresários (AGRÍCOLAS E INDUSTRIAIS), para produzirem mais, em menor espaço, em pouco tempo, com menor quantidade de mão de obra, vender mais e lucrar mais. Surge então, a obsolescência programada, isso significa tornar os produtos descartáveis (com menor tempo de duração), diversificados, bonitos, eficientes e equipados de muitos recursos para tornar a vida do cidadão mais fácil, menos complicada.

Nos anos 90 a vida média de um produto industrializado, durava em torno de 4 anos ou mais, e quando quebrava tinha concerto. Os descartáveis atuais duram no máximo 1 ano e quando quebram não tem concerto ou não vale a pena concerta-lo. Neste momento entra em cena o rolo compressor do Marketing “Troque seu produto usado por outro de última geração, mais eficaz. O que você está esperando?” esse apelo, aciona o gatilho da compulsão, que o faz acreditar, que mesmo que o seu produto esteja funcionando, ele é obsoleto, ultrapassado. Esse tipo de compra sem necessidade faz aumentar a cada minuto a quantidade de lixo. É óbvio que a compulsão somada a febre do consumismo exagerado, que nos leva a comprar sem parar e sem pensar, 50% daquilo que adquirimos, por impulso, não servirá para nada, e logo vai direto
para o lixo . Segundo pesquisas realizadas recentemente cada cidadão ocidental produz em média 500 quilos de lixo por ano.

Faça um teste você mesmo: Pela manhã, quando se levantar amarre em sua cintura, um saquinho de supermercado, e, a partir deste momento, todo lixo que você produzir durante o
dia, até a hora de dormir, coloque dentro do saquinho, por exemplo: papel higiênico, sobra do café da manhã, guardanapos de papel, talheres de plásticos, pontas de cigarros, sobras do almoço, copos de plásticos, latas de refrigerantes, ou outras bebidas, tickets, papéis de todo tipo, sobras do jantar etc…Quando for se deitar novamente, desamarre o saquinho e pese, multiplique por 8 bilhões de habitantes, número aproximado da população mundial. Ficou espantando! Perceba que nesta conta não entrou o lixo produzido pelas indústrias, comércio, escolas, hospitais, repartições públicas, bancos, supermercados etc… Observe agora, segundo dados de 2.011 a produção de lixo anual de alguns países:

  • China – 300 milhões de toneladas/ano
  • EUA- 238 milhões de ton/ano
  • EU 228- milhões de toneladas/ano
  • Brasil- 61- milhões de toneladas/ano
  • Quanto desses totais são coletados?
  • China – 148- milhões de ton/ANO;
  • EUA- 226- milhões se toneladas/ano
  • EU- 226- milhões de toneladas/ano
  • Brasil- 54 milhões de toneladas/ano

O que não é coletado foca disperso por toda natureza , principalmente nos oceanos. Não se esqueça que nosso planeta tem um limite e, que segundo a ONU já estamos utilizando 1
planeta e meio. O limite da terra, sem contar os oceanos é de 13,4 bilhões de hectares, já utilizamos 19 bilhões de hectares.

COMO ISSO É POSSÍVEL? Bem, não é possível, porém encontramos um jeito.

No que diz respeito ao espaço físico territorial, partimos para a verticalização das cidades, utilizando um mesmo espaço físico territorial, para concentrar um maior número de famílias, através de prédios elevados ,com minúsculos apartamentos e muitos andares. Por exemplo o maior prédio do mundo o “BURJKAHALIFA’, em Dubai, possui 163 andares, 828 metros de altura, com 900 apartamentos. Caso venhamos a colocar em cada apartamento uma família com três pessoas, teremos em um mesmo espaço físico 2.700 pessoas.

Quanto a produção de comida para tanta gente, a resposta parecia vir da semente transgênica que produz mais em menor espaço plantado e da agrotécnologia . Segundo a FAO (organismo da ONU que cuida da agricultura e alimentação) a produção atual de alimentos seria o suficiente para alimentar a população mundial e acabar com a fome . Porém a má distribuição de alimentos, a sobra de alimentos jogada no lixo, a produção de ração animal e combustíveis sem nenhuma preocupação, promove a escassez da oferta de alimentos no mercado, o que força um aumento exagerado dos preços . Parece que entramos em um beco sem saída!

Segundo Jean Tricard – “ A cultura humana apresenta aspectos intelectuais e um desenvolvimento que nos permite conhecer melhor a Natureza e guiar sua ação para um
melhor aproveitamento, sustentável. Mas esta é muitas vezes determinada por estruturas socioeconômicas, e políticas, que vão contra o racional. O impacto do homem na natureza
insere-se numa rede de rivalidades de interesses, de lutas econômicas e politicas que sobrepujam qualquer tipo de medida interessada no futuro do nosso sistema planetário e das
futuras gerações. SÓ NÃO FOI POSSÍVEL, AINDA VENCERMOS A BATALHA CONTRA O LIXO, QUE DEPENDE, TAMBÉM DE CADA UM DE NÓS, POR FAVOR, FAÇA SUA PARTE.

Autoria Prof. Marcos A. Moraes

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