No Brasil, o segundo domingo de maio é dedicado a todas as pessoas que experienciam as diversas formas de maternar. Neste Dia das Mães, a Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (Seduc) apresenta histórias que entrelaçam a maternidade e a educação, como forma de homenagear e inspirar a partir dos relatos de quem tem tanto para ensinar aos filhos e à sociedade.
A professora de história Ianara Xokó, 35 anos, nasceu e foi criada na primeira aldeia indígena reconhecida em Sergipe, a tribo Xokó da Ilha do Ouro, em Porto da Folha. Mãe de três filhos e matriarca dos 55 alunos do Colégio Indígena Estadual Dom José Brandão de Castro, para ela, ser mãe, professora e moradora de comunidade indígena atribui a si a missão dobrada de construir, desconstruir e manter viva a memória da aldeia Xokó.
“Concilio bem o trabalho com a maternidade. Sempre tive amor pela profissão, mas trabalhar na aldeia aumenta minhas responsabilidades. Além de mulher, professora, sou mãe preocupada com o futuro da aldeia, com a aldeia que quero para meus filhos e com o futuro”, conta Ianara.
A professora uniu o cotidiano de cuidar, proteger e orientar das duas primeiras filhas, na época com 2 e 1 ano, com a jornada de concluir o mestrado em Antropologia. Essa jornada tinha início por volta das 3h40, quando Ianara pegava o primeiro ônibus partindo da aldeia para Monte Alegre de Sergipe, onde as crianças estudavam. De lá, partia em direção à capital.
“Minha jornada para Aracaju durava quatro horas. Foi o período mais conturbado. Chegava a doer, mas eu tinha que ir, por mim, por elas, pelos meus objetivos. Penso que todas nós, mães, estamos sempre em um lugar de protetora, provedora, acolhedora, batalhadora, e sempre nessa busca sem fim por melhorias para nós, mas, principalmente, para as nossas crias. Foram dias difíceis, mas todos superados. Quando defendi minha dissertação, cá estava eu à espera do terceiro filho”, conta.
A maternidade e o mestrado se confundiam em desafios, sentimento de culpa por abdicar horas com os filhos para dar espaço aos livros, de seguir ou não seguir. “Enfrentei aqueles probleminhas de toda gestação: enjoos, náuseas, vômito e o medo enorme de não conseguir concluir. Mas Yohann [o filho mais novo] foi um impulso para alçar novos voos. Hoje estou aqui, mestra, professora e, sobretudo, mãe de Maya, Esther e Yohann. Feliz e sempre pronta para novos desafios e novas batalhas, por mim e por eles”, afirma.
Apoio de mãe e filha
Luiza Pereira Pinto, 38 anos, e a filha Emilly Yasmin, 18 anos, são alunas do Pré-Universitário do Governo de Sergipe. Ambas compartilham o mesmo sonho: ingressa na universidade pública. A dona de casa quer realizar o sonho de cursar Medicina na Universidade Federal de Sergipe (UFS) e além de contar com o apoio e incentivo de Emylly, a primogênita, recebe o incentivo de Ellen Ynayara, 17, Elloy Miguel, 9, e Evellyn Jasmin, 8.
Persistência é palavra que marca a vida de Luiza, que tem o estudo como a fonte de inspiração para uma vida melhor. “Foram muitas dificuldades. Abri mão da carreira profissional e venho lutando para retomar. Ano passado, meu filho foi diagnosticado com autismo e déficit intelectual, mas tenho um companheiro que também me ajuda muito. É ele quem fica com meus filhos para eu ir estudar”, comenta.
Para Luiza, a primeira conquista foi ser aprovada com filha mais velha na seleção de vagas do Pré-Universitário. O incentivo é mútuo entre elas, essa cumplicidade diminui a correria do dia a dia nos afazeres de casa e nos estudos. “Quando tenho tempo, estudo pelas madrugadas, meu esposo me ajuda e, assim, quando estou na aula, sempre dou o meu melhor”, comenta. Mãe e filha buscam juntas realizar o sonho de receber o canudo de formatura em uma solenidade com a presença de toda a família.
Volta aos estudos
Márcia Maria, 52, mãe de duas filhas, Lara Beatriz, 19, e Melissa Leonora, 15, resolveu mudar de vida ao ingressar no curso de Secretaria Escolar do Instituto Rui Barbosa (IERB), unidade de educação profissional da rede pública estadual, localizada em Aracaju. Filha de pais que só cursaram o Ensino Fundamental de uma família de cinco irmãos, nunca teve a oportunidade de se especializar. Foi só aos 52 anos de idade que ela viu a filha mais velha ingressar na faculdade de Direito, e assim a incentivou a também voltar a estudar.
“Depois que minhas filhas cresceram, pois eu era mãe integral, vi que poderia mais. Fui selecionada e comecei a estudar, mas foi no período da pandemia em que as aulas eram remotas. Quando voltaram às aulas presenciais, me senti muito feliz em poder sair de casa, voltar a estudar e obter conhecimentos, fazer novas amizades. É muito satisfatório. Formei-me em Nutrição e Dietética e fui inspiração para a minha filha Melissa também ingressar no curso. Hoje, ela estuda a 1ª série do Ensino Médio junto com Nutrição, e eu Secretaria Escolar”, conta Márcia Maria.
Além de ser aluna, ela faz parte do conselho escolar de pais da instituição, é monitora de Transporte Escolar e Busca Ativa, projeto do Governo de Sergipe, e pretende estudar mais para cursar Direito.
Fonte: Secom