A leitura costuma ser uma experiência que nos transporta para outros universos, dimensões e, ao mesmo tempo, nos permite observar o mundo com outros olhos. Ler um livro nos conecta com o sentimento, o pensamento, as percepções e as emoções do autor. Na verdade, somos emissores e receptores e na escrita ela reverbera, flui e alimenta com sua criatividade e contundência.
Foram esses momentos mágicos que aconteceu na edição da Bienal do livro da Bahia na capital baiana com o tema “As Histórias que a Bahia Conta” no período de 26 de abril a 1º de maio no centro de convenções de Salvador, registrou um recorde de mais de 100 mil visitantes mais do que o esperado. E reuniu grandes personalidades importantes artistas, intelectuais e pensadores. Dentre eles, Larissa Siriani, Talita Rebouças, Rita Batista, Igor Pires, Claudia Cavalcanti, Micheliny Verunschk, Stênio Gardel, Pedro Rhuas e Ian Fraser, Alice Caymmi e Paola Amado Zélia Ducan, Daniela Mercury, entre outros, celebrando a
diversidade e a inclusividade. Teve espaços temáticos como Café Literário, Arena Jovem e Espaço Infantil Janelas Encantadas. Além de sessões de autógrafos, palestras, vendas de livros e contato com autores.
Ainda contamos com a presença de milhares de estudantes das redes públicas municipal e estadual de ensino. Este ano, a Prefeitura, através da Secretaria Municipal da Educação dobrou o valor do vale-livro, cada aluno recebeu um voucher (vale –livro) de R$ 40,00, para comprar exemplares.
Por um instante, era possível observar a felicidade contagiante, os sorrisos largos e a satisfação em adquirir livros fascinantes, além da troca de olhares, que traduzia comoventemente o que eles desejavam transmitir, já que um bom livro é sempre surpreendente. A curiosidade, porém, foi a premissa número um, encontrando novos nichos e mergulhando no oceano da leitura.
“ Estou muito feliz de estar aqui, estou achando a Bienal uma maravilha, comprei vários livros do gênero de terror, romance, ficção, poemas, e de disciplina porque vou fazer vestibular para direito” E vou me apresentar no palco da vida do TAL (Tempos de Artes Literária), onde tive a oportunidade de expressar minhas obras de arte”, conta a estudante Natália Ferreira, 15 anos estudante do segundo grau.
No mundo de aparatos tecnológicos, como os smartphones e computadores que permitem acessar as redes sociais, por um momento fez com que os jovens, as crianças se desconectassem e fizessem uma imersão no universo literário, admirando as ilustrações, o conteúdo, a capa, imagens, textos visuais dos livros.
Os diversos livros expostos nos estandes atraiu tanto aqueles que buscavam obras já conhecidas quanto aqueles dispostos a descobrir novas histórias, além dos gêneros literários preferidos pelos leitores, como: biografias, obras fascinantes de pensadores, histórias ficcionais e não-ficcionais, romances, drama, poesia, aventura e autoajuda. A organização ressaltou a necessidade de democratização do acesso ao livro.
“Eu fiz aquisição de seis obras muito interessantes e de conteúdo muito relevante para meu desenvolvimento profissional. O livro que mais me chamou atenção foi o “A arte da comunicação não violenta” de Gandhi e Tolstoi. Livro aplicado ao ambiente relacional e respeitoso com todas as entidades possíveis. Essa obra será muito boa para eu aplicar no meu trabalho de Gestão e Pessoas, onde eu lidero equipes com pessoas de vários tipos e lugares. Comenta o escritor e professor Rodrigo Dellos sobre sua presença na Bienal.”
Enquanto caminhavam pelos corredores do Centro de Convenções, os visitantes estavam entusiasmados e enchiam as sacolas com livros. A temática foi inclusão e foco na literatura com experiência repleta de debates sobre o universo literário. No espaço “Deixe eu falar”, um espaço para os estudantes se expressarem, aconteceu a apresentação do jovem estudante da rede estadual de ensino, indígena pataxó, da cidade de Vera Cruz, na Bahia. Ele recitou uma belíssima poesia que diz: “ Seguiremos com o arco e flecha e com lança nas mãos. Provaremos que essa terra que se chama Vera Cruz sempre foi nosso pedaço de chão. ” O trecho final dessa poesia foi um alerta sobre a defesa incondicional dos seus direitos, baseada nas ameaças constantes e na destruição de seus territórios que coloca em perigo sua sobrevivência.
Para a poetisa, compositora e musicista Fátima Gomes que é fã incondicional e admiradora do repentista, cordelista, poeta e cantador Bule Bule foi emocionante o encontro porque houve uma troca e um diálogo enriquecedor. “ A gente sente a escrita dele, uma plenitude viva, uma maturidade artística nas coisas que ele faz. Bule Bule consegue entrelaçar o passado com o presente num realismo magico, os repentes dele representam tudo isso que ele escreve.”
Por fim, gostaria de deixar a minha opinião sobre a bienal. A programação estava excelente com uma organização impecável. E autores e escritoras com muito carisma e conteúdo para compartilhar. Como disse na introdução do texto, o livro tem o poder de nos transportar para um tempo e lugar distintos. A leitura nos proporciona a aquisição de conhecimentos oriundos das experiências adquiridas ao longo da nossa trajetória de vida. Afinal, lemos porque gostamos de histórias e convido vocês leitores fieis e valorosos a fazer um mergulho na leitura. Por onde vamos começar… do começo. Era uma vez…
Moni Praddo
Jornalista, colunista e escritora