Neste ano, 2025, completa 80 anos de libertação dos judeus de Auschwitz. Porém não existe nada a comemorar, com festas e foguetórios, apenas tristes lembranças e saudades dos que partiram e do heroísmo dos sobreviventes que resistiram tamanha tragédia. Diante de toda minha ignorância e pelo pouco que conheço, só não consigo acreditar, que em pleno século XXI, ainda existam pessoas capazes de fazer qualquer tipo de “apologia cruel e ilegal” a respeito do horrendo e vergonhoso genocídio, considerado um dos maiores crimes da história. Estou falando de pessoas que ostentam símbolos, gestos, bandeiras, utilizados pelo Nazismo, como se fossem, verdadeiros trunfos.
É preciso ter consciência que o Nazismo acabou e que o Holocausto foi enterrado para sempre! Porém não é o que acontece com sua simbologia, que continua presente e encarceradas em muitas mentes doentias, e sempre, para nossa tristeza, vem à tona. Vejamos um exemplo, publicado, pela Revista Veja em 16 de fevereiro de 2022. Trata-se do comportamento de Bruno Aiub, também conhecido, como “MONARK”, que ao ser entrevistado, fez a seguinte declaração : “Eu acho que o Partido Nazista deveria ser reconhecido por lei (…). A questão é: se o cara quiser ser antijudeu acho que ele tem todo o direito de ser”. Eu, particularmente, acredito que defender essa atrocidade só reforça a banalização dos crimes ocorridos durante o Holocausto, e ainda , pelo fato de Monark, ser um “influencer ”, seguido por milhares de pessoas, demonstra que as redes de relacionamentos, além de não possuírem “filtros”, são maliciosas e tendenciosas ao estimular o ódio e a intolerância. Note que esta declaração infeliz, não foi feita por um anônimo qualquer, mas por um influenciador de tendências e opiniões, que a Internet produz a ritmos alucinantes. Ainda que fosse feita, por um anônimo qualquer, não deixaria de ser crime; e neste caso não adianta apelar pela “Liberdade de Expressão”, pois todos sabemos que ela termina quando coloca a vida do outro em risco.
Um outro, exemplo, mais recente, ocorrido no dia 20 de Janeiro de 2025 e, desta vez, o protagonista, foi nada mais, nada menos, que o bilionário Ellon Musk, em um comício de posse do presidente dos EUA, Donald Trump, em Washington D.C. , repetindo a mesma “asneira” de Monark, diante de um grande público, utilizou um dos seus braços no sentido horizontal com o gesto Nazistas que Hitler fazia em grandes discursos. Não deu outra! Musk foi aplaudido em pé freneticamente pelos que o assistiam. Nos dois casos apresentados fica claro a execrável
atitude, que levam milhares de pessoas a se sentirem autorizadas e motivadas a aprovarem a “praga da intolerância”. Precisamos urgentemente, saber separar, “alhos de bugalhos”, ou seja, esclarecer muito bem, e de uma vez por todas, o que é um discurso de ódio e o que é liberdade de expressão. Segundo o advogado Ariel de Castro Alves, especializado em Direitos Humanos e presidente do “Grupo – Tortura Nunca Mais”, em declaração pública, cita a Lei 7.716, de 5 de Janeiro de 1989, a qual considera crime “praticar preconceito de raça, cor, religião, etnia ou procedência nacional”
O QUE PENSAM OS DEFENSORES DE MONARK?
Os defensores, desse influencer, disseram que as declarações do mesmo foram resultantes do seu despreparo. Isto é o que chamamos de defender o indefensável. Não colou. Mesmo porque estamos vivendo em uma época, com pleno acesso ao conhecimento. No meu entender, os dois casos citados, sabiam muito bem o que estavam fazendo e garanto que os mesmos “Jogaram pedra no Cristo, já crucificado”.
Aqui vai, mais uma chance, para os que nada entenderam sobre o Holocausto, e desta vez espero que entendam e reflitam sobre esse genocídio tão bárbaro. “Entre 1919 e 1933 a República Weimar (Alemanha) vivia em uma profunda crise econômica e social. Em 1924, o país reorganizou seu sistema monetário e estimulou a industrialização gerando empregos e experimentado relativa prosperidade. Porém, a crise econômica de 1.929 que abalou o mundo inteiro, aniquilou a Alemanha. Foi então que milhares de desempregados se organizaram e fundaram o Partido Nacional dos Trabalhadores (Partido Nazista), que com o tempo passa a ser liderado por Adolf Hitler. Em 1933, com prestígio do partido, Hitler torna-se “chanceler” (chefe de governo) e transforma a Alemanha em uma ditadura, mais conhecida como “III Reich”. Para o povo alemão, que vivia na penúria e subestimado, Hitler era a única salvação. Ao assumir a chancelaria, de imediato ateou fogo no Parlamento e acabou com os demais partidos políticos, censurou a imprensa e deu a “largada” ao período do terror.
Em suas declarações ao grande público, com o peito estufado e um dos braços erguidos, no sentido horizontal, na direção da multidão, dizia: “Odeio ciganos, negros, homossexuais, deficientes físicos, anões e principalmente judeus”. Em seu plano de governo Hitler só via uma solução, a qual chamava de “Solução Final” “eliminar todos os indesejáveis, através de ações imediatas; como o envenenamento em câmaras de gás. Só assim teremos uma raça pura”, e terminava seu discurso com essa frase. E, foi o que ocorreu, seu plano levou à morte 6 milhões de judeus, sem a mínima piedade.
COMO OCORRIA TAL ATROCIDADE?
Segundo relatos dos sobreviventes, como é o caso do francês, Jean Michel, líder da resistência francesa e preso pelos nazistas, forçado a trabalhos escravo, com a voz embargada, declarou à imprensa: “ Os guardas nos tocam a uma velocidade infernal, gritando e despejando golpes em nós, os demônios nos ameaçam a cada minuto com execução. O barulho vara nosso cérebro e rasga os nervos. O ritmo alucinante e demente, dura 15 horas. Chegando ao dormitório, nós nem deitamos no catre (cama). Bêbados de tanta exaustão, desabamos nas pedras, no chão.
Atrás, os guardas empurravam. Os que vinham atrás passavam por cima dos camaradas, caídos. Logo, mais de mil homens desesperados, no limite da existência e dilacerados pela sede , jaziam ali a espera do sono que jamais chegaria. Pois os gritos dos guardas, o barulho das máquinas, as explosões e o barulho dos sinos das locomotivas nos alcançavam mesmo assim”.
PROJETO SOLUÇÃO FINAL
Objetivo exterminar 11 milhões de judeus em campos de concentração. Em Auschwitz, os nazistas, ponderaram:” Os judeus são ratos. E ratos são cobaias. Logo judeus são cobaias”.
Era dessa forma que os médicos nazistas enxergavam os judeus. O mais inescrupuloso e temido entre todos era Josef Mengele, considerado por seus colegas como: louco, doente, demônio, sanguinário. Conhecido por todos como “Anjo da Morte”. Resumindo suas crueldades foram tão bestiais que até torna-se difícil relatar todas. Mengele jogava prisioneiros vivos em caldeiras ferventes, injetava tinta nos olhos de crianças recém-nascidas, unia cirurgicamente gêmeos, sem nenhuma anestesia, dissecava anões vivos e outras barbaridades mais.
OS GÊMEOS
Logo no início dos testes acima descrito, eles morriam e passavam a servir de cobaias a Mengele, que dizia “ Agora jazem aqui, sobre minha mesa, para a dissecação dos cadáveres, graças a suas mortes será possível analisa-los e descobrir o segredo da multiplicação. O objetivo era descobrir, porque uma mãe tinha filhos gêmeos, começando sua pesquisa pelas crianças dissecadas em sua mesa. O objetivo, era tornar todas as mães alemãs, grávidas de gêmeos, com isso multiplicaria a “raça superior”. (Fonte- Carlos Napoli, assessor histórico do The History Channel e autor de vários livros sobre o Nazismo).
Pós 2ª Guerra, os colegas de Mengele foram julgados e condenados pelo tribunal de Nuremberg, o médico monstro conseguiu fugir e depois de muitos anos morreu no Brasil. Pela narrativa que fizemos, ainda que de forma bem resumida , espero realmente que você tenha entendido um pouco sobre a verdade do Nazismo, seus símbolos, gestos, palavras e que cujo auge foi o Holocausto. Acredito ainda que seja o suficiente para entender que nem tudo que é publicado pelo mundo virtual é a expressão da verdade. E, que a Internet é um mundo do “vale tudo,” de glorificação de mentiras, disseminação do ódio e da intolerância. Para o filosofo austríaco Karl Popper: “A humanidade não deve tolerar os intolerantes”.
Por Marcos A. Moraes, professor.